O cara que todo homem já quis ser

Sua cara de muro era impenetrável. Uma gargalhada? Era mais rara que encontrar a edição original do Yesterday and Today – com a famosa “capa dos açougueiros -, dos Beatles. Algum tipo de expressão que sugerisse algum romantismo ou sensibilidade? Nenhuma. Nada. Seu senso de interpretação era tão limitado que, perto dele, Dolph Lundgren parecia o Tom Hanks. De sua boca semicerrada saíam poucas palavras, duras como concreto, com uma dicção que beirava o indecifrável.


Então, por que todos os homens de minha geração um dia quiseram ser como Charles Bronson? Por que havia uma mulherada que ficava com as lingeries ensopadas toda vez que ele aparecia nas telas de cinema e da TV?

Para mim, isto ainda é um mistério indecifrável. Só sei que foi justamente este conjunto de características que fez com que Bronson se tornasse um ícone de masculinidade, de macheza mesmo, temperado com altas doses de violência, tolerância zero e... aquele rosto sem qualquer tipo de expressão.
Deve ter sido por isto que ele só se tornou um grande astro já meio velho, quando tinha mais de 50 anos de idade e se tornou por um pequeno período de tempo o ator mais bem pago do planeta. Na Itália, não era à toa que o chamavam de “Il Bruto”. Aliás, foi um mito cinematográfico daquele país – o diretor Sergio Leone – que apostou em Bronson ao lhe dar um dos papéis mais importantes no clássico Era uma Vez no Oeste, já que não podia contar com Clint Eastwood. E ele não se arrependeu.
Mas foi quando o diretor Michael Winner botou Bronson para estrelar o filme Desejo de Matar que o ator se transformou em um ícone daquilo que todas as grandes cidades do mundo têm em comum: a violência e o desejo que cada um de nós tem em fazer justiça com as próprias mãos quando presenciamos crimes bárbaros e um sistema judiciário inoperante e injusto. O filme fez tanto sucesso que teve outras quatro sequências e gente graúda compondo, tocando e gravando as trilhas sonoras, como Herbie Hancock e Jimmy Page.
Nesta sexta-feira, lembre-se que dez anos atrás morreu este filho de lituanos que foi assaltante, ladrão, boxeador e trabalhador em uma nojenta mina de carvão antes que o cinema salvasse a sua vida e o tirasse de uma existência miserável. Olhe-se no espelho e pare de choramingar a respeito da vida medíocre que você leva hoje, do fora que tomou da namorada esta semana, dos colegas de trabalho que torram a sua paciência, do chefe mal humorado e eternamente insatisfeito com o seu trabalho, da esposa que não para de reclamar que a vizinha viaja para a Europa todo ano e vocês não...
Chega de "mimimi"! Mire-se no exemplo de Charles Bronson e seja homem, porra!



Fonte Yahoo - Texto de Regis Tadeu
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